Políticos, fazendeiros, seringalistas, exploradores de minérios e diamante, comerciantes em geral e outros membros de prestigio na sociedade exerciam suas atividades produtivas sem que tivessem sequer, o curso ginasial (que equivalia a grosso modo aos 4 últimos anos do atual ensino fundamental).
Haviam poucas escolas e raras ofereciam as seires mais avançadas de ensino primário Poucos entretanto, após esta fase matriculavam-se no curso primário, disponível nas cidades de maior porte e nas sedes dos municípios mais destacados economicamente. O curso ginasial, existia apenas nas capitais do estado e territórios federais e nas cidades maiores.
Tratava-se de um universo predominantemente não letrado, onde a educação formal não se afigurava como uma necessidade básica para todos os cidadãos e onde as escolas não sobressaíam no espaço físico nem na vida social. O domínio da leitura e da escrita funcionava como um símbolo de erudição, um traço que caracterizava algumas famílias de maior renda ou prestígio político. Embora a educação fosse considerada como um valor intelectual relevante para a formação das pessoas, esse valor tornava-se, realmente essencial, quando alguém pretendia dedicar-se a uma profissão específica que exigia uma formação em nível superior. A educação escolar não era considerada como elemento fundamental da inclusão plena de alguém na sociedade ou de sua exclusão da mesma.
A causa disto era que a economia extrativista sobrevivia sem exigir do homem/mulher da Região uma educação mais sólida e estruturada; ao invés disso, cobrava-lhe uma intensa articulação e um vasto conhecimento da natureza amazônica Outra causa era a falta de informação escrita no cotidiano das pessoas, que as obrigasse a ler com frequência e de outro as atividades produtivas naqueles anos não exigiam este esforço, como já foi dito acima. Assim era comum, na época alguém ter aprendido a ler e escrever durante a infância ou adolescência e ter retornado à condição de analfabeto quando adulto; terceiro, a reduzida escolaridade da população em geral, não tinham, como hoje, uma relação direta com a condição de pobreza do indivíduo, nem com sua inserção ou marginalização na sociedade; Por ultimo, apesar de haver um número significativo de escolas privadas ligadas a instituições religiosas e assistenciais, atuando gratuitamente nos moldes da escola pública, em termos de qualidade de ensino, não havia, como hoje, uma clara dicotomia entre ensino público e privado, características que hoje, em todo Brasil, é altamente responsável pela reprodução das desigualdades sociais e culturais.
A função da escola estava centrada na leitura e na escrita. Ela existia e gozava de prestígio social porque era indispensável para ensinar a ler, escrever e contar, onde os professores desempenhavam suas tarefas voltados para este elemento norteador onde os recursos pedagógicos eram escassos.
A escola primária tinha características boas e ruins:
BOAS - Sob o ponto de vista cultural, esta limitação no ensino (restrito de títulos e livros), funcionava como um valioso elemento de unidade entre as milhares de crianças da região; Como o aluno passava um tempo muito curto de sua vida escolar, era possível ter um número reduzido de alunos por sala. esta situação permitia que professores e dirigentes de escolas tivessem uma relação mais próxima com os alunos, conhecendo grande número deles e acompanhando-os a cada passo do seu desenvolvimento intelectual
RUINS - Devido a época sofrer de escassos recursos culturais, o material didático disponível era reduzido e pobre, cartilhas que apresentavam frases absurdamente soltas e descontextualizadas como "Ivo viu a uva" e "a ema é da ama", exigiam um esforço de imaginação fantástico por parte de professores que, jamais tinham visto uma uva ou uma ema na Região e que estranhavam os nomes dos animais e coisas mencionadas nos livros, mas inexistentes na Região.
Na época existiam dois livros didáticos de leitura e escrita, a "Cartilha Paraense" e "Amazônia", ambos destinados a alunos de 1ª a 4ª série do curso primário.
O problema é que como a realidade social era outra, problemas que hoje afetam e perturbam a sociedade brasileira e, em especial, a vida das crianças e jovens como afastam as crianças da rua mandando-as para a escola.
- Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.
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